Desta vez a coluna do Blog Astronauta vai abordar um tema espinhoso, e que precisa promover a sua autorreflexão. É a autossabotagem. O que impede você de evoluir?
Como preâmbulo, cito o seguinte: a pandemia tirou a vida de milhares de pessoas e, as que ficaram vivas, tiveram que se reinventar agradecendo, primeiramente. Agora imagina essas dificuldades em diversos setores da sua vida (pessoal, familiar, financeira) unidas a um cenário profissional altamente competitivo, onde a reserva de mercado e o ego são presentes 24 horas por dia? E também onde se perdeu toda a receita de uma parte robusta da cadeia produtiva? É. Isso que aconteceu com a gente! A pandemia dura mais que o esperado, as pessoas vão perdendo as bases e precisando se salvar.
A cadeia produtiva no setor de shows não faz show pequeno, médio, grande. Não faz nada! O que vemos por ai na pandemia são exceções, gatilhos de marketing. Alguns vão permanecer. Como apps que emulam experiências em estúdio, Drive Ins e Lives (em ocasiões especiais). E houve aumento de consumo de catálogo em áudio e audiovisual. Tudo pra gente tentar seguir, e não enlouquecer, afinal sofremos um baque violento, e recordar é viver. Acho válido, mas sem romantizar, tudo que é inédito está em compasso de espera. Grandes lançamentos para 2021, planos maiores e investimentos parados e postergados. Então, para quê dificultar a sua própria vida?
Sempre existiu a sabotagem e, também, a autossabotagem. Uma pena. Quando se trata de um nicho específico – o dos artistas novos – a situação pode ser ainda mais grave. Assim como o primeiro emprego para quem acaba de se formar na faculdade, o primeiro contrato é a impressão da relação do artista com a indústria. E é essa visão externa de quem “já esta lá” que vai dar o tom de “como será” sua história profissional no setor.
A dica de ouro para você, que está no inicio do trajeto, é não se autossabotar. Para isso, seja humilde. Mas seja humilde de verdade, não fique de hipocrisia, bancando o bonzinho, “dois papos”, como se fala por ai. Se sentindo o Michael Jackson, o ultimo biscoito do pacote, todo gabola, dificultando e confundindo o trabalho com sua equipe! Ansiedade é terrível, só atrapalha, então bote a mão na massa você mesmo. Siga a parceria e o contrato corretamente, entregue no prazo e dentro do formato já estabelecido previamente todo material de áudio, audiovisual, fotos, textos e ações de sua carreira (se for o caso). Cuidado ao se comparar a pessoas que já conquistaram espaço, não é o seu caso, você ainda está no inicio! Organize-se e acerte mais. Baixe a guarda! Peça ajuda!
Não ter gratidão é muito ruim também. Não dar créditos às pessoas, ou elevar umas e rebaixar outras, tudo isso demonstra falhas de comportamento profissional. No afã de “acontecer”, às vezes o artista não conhece sobre o mercado, não lê direito os contratos, lê sem a presença de um advogado (ou às vezes se orienta com quem não é da área) e sai assinando qualquer coisa. E por isso mesmo perde o controle de suas obras e de seus fonogramas sem um plano de trabalho ou noção daquela relação profissional. Quando o artista assina qualquer documento assim, depois, pra desenrolar, é uma bosta.
É muito comum o artista assinar e aí, pronto: um selo, produtor ou companhia multinacional vai resolver sua vida. Essa expectativa se fortaleceu distorcidamente com o surgimento de distribuidoras digitais (ou agregadoras) e o artista sendo autogestor. Mas cada estratégia é uma, cada empresa imprime o estilo de sua direção, e assim a indústria segue se mantendo e, esperamos, crescendo nas próximas décadas.
Ah… e a partir de hoje resolvi postar a música que estou escutando enquanto escrevo o post. Assim posso ajudar você, leitor, a entrar no clima da minha cabeça e das idéias por aqui. Procura lá no seu app de música preferido a faixa e ouça enquanto lê!
Cuidem-se. Espero ver todos bem, aqui na coluna, mês que vem!
Saúde!
TRILHA SONORA DO POST:
Eu Vou Me Salvar (Rita Lee/Élcio Decário), parte integrante do primeiro álbum solo de Rita Lee (quando ainda era membro dos Mutantes), o disco Build Up (1970), lançado originalmente pela Polydor.