Tema polêmico este, hã? Mas, por mais que a verdade doa, houve redução de investimentos para quem está em médio e pequeno porte na indústria fonográfica e no show bis brasileiro. Fruto da crise econômica? Fruto da pandemia? Os dois? Como lidar com essa realidade?
A resposta é: quem tem o DNA independente, mesmo que flertando com a indústria, consegue se virar melhor. Para desenvolver os produtos (audiovisuais, fonogramas, capas) se investe menos dinheiro, mas são ainda maiores a criatividade e a força de vontade. Por parte do artista e todos os envolvidos na produção. Assim, na parceria, todos finalizam as ações e o produto orgulhosamente chega ao mercado. Música pela música, sem purpurina.
Empresas pequenas e ligadas à arte e entretenimento funcionam como uma espécie de família ou clube. É preciso ter vocação agregadora e variedade de atuações como agentes desta cadeia produtiva. Por geralmente serem artistas que pessoalmente gostamos, ou são nossos amigos, ou nós mesmos somos os artistas e donos do selo, trata-se de um prazer que vai além do trabalho participar do gerenciamento destas carreiras. E a missão destas empresas (webrádios, selos, bookers, escritórios) é fazer a boa música chegar às pessoas. Num panorama pessimista de hoje a transformação digital que se avizinha pode ser positiva. Talvez a diferença aqui no Brasil seja que precisamos trabalhar o triplo, e às vezes conseguindo resultados até menores – se comparados à escala global.
Majors, patrocinadores e conglomerados de comunicação nunca serão eliminados. E nem devem. É preciso saber coexistir. A ordem institucional da indústria não vai mudar, ela é estabelecida. O Brasil sempre barrou a liberdade e não inspira grandes sonhos no setor. Em todas as últimas décadas tem sido assim, por isso a criação de movimentos e coletivos. Juntos somos mais. E é certo que mesmo com dificuldades existe espaço para ousar “ser artístico” e flertar com o “lado comercial”. A Tropicália teve isso, o Rock Brasil também.
Como se diz que crise é sinônimo de oportunidade, reitero que é no meio de situações como essa que se descobrem novos modelos de negócios e acordos.
As lives, por exemplo, vieram pra ficar. Em diversos formatos. O YouTube exibiu, ao longo de três dias, um show histórico do astro Prince que, depois, saiu do ar.
O Livedub, aplicativo que permite gravar com a banda remotamente, se tornou ainda mais relevante neste momento em que músicos não podem se encontrar pessoalmente. Como o poder criativo não pode parar, é preciso que o artista consiga vencer barreiras de tempo, espaço e recursos, com ou sem pandemia.
Neste momento recria-se o estímulo por gêneros antes esquecidos (rock, clássicos); e o catálogo aquece. Ou seja, “levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”. Existe muito a fazer.
Até a próxima viagem!
#fiqueemcasa #nasuaórbita